Todos os seres vivos são regidos por ciclos lunares e solares. É importante para nossa saúde acompanhar os movimentos cíclicos da natureza, como as estações do ano. À medida que acompanhamos e respeitamos as necessidades dadas pela estação que estamos vivendo, proporcionamos ao nosso corpo maior vitalidade.
Na China antiga, a relação de equilíbrio da natureza foi traduzida nos sopros energéticos Yin e Yang, onde cada um destes elementos traz em si características complementares ao outro. Enquanto a palavra Yin traz a ideia de escuridão, frio, vazio, reclusão e repouso, Yang é claridade, movimento, calor, plenitude, expansão e externo. Este equilíbrio complementar é dinâmico: há Yin dentro de Yang e Yang dentro de Yin.
O melhor exemplo para esta complementariedade são as estações do ano: o Inverno é o máximo do Yin e, quando uma energia chega ao seu ápice, ela começa a morrer. Assim, quando o Yin esvaece, o Yang começa a nascer. A Primavera é o jovem Yang e o Verão, o ápice desta energia. Já o Outono é o início do Yin e a preparação para seu ápice, que acontece no ciclo seguinte.
As estações do ano são ciclos de transformação e, em cada uma delas, um elemento da natureza manifesta sua potência. Estamos finalizando o Verão, a estação do ano dominada pela virtude do elemento fogo e regida pelo Coração e Intestino Delgado. Este período do ano manifesta o máximo do Yang e traz o princípio do crescimento e expansão. No Verão, os dias são mais longos que as noites. Nossas atividades tendem a ser mais externas e nosso corpo pede mais movimento.
Agora estamos vivendo o final do Verão e a preparação para o Outono. Ao final de cada estação do ano, as energias celestiais retornam à Terra e a natureza prepara-se para o novo ciclo que está por vir, com a morte do ciclo que se encerrou. Por isso, dizemos que estamos vivendo a Interestação, também chamada de “verão tardio” na China antiga. Cada transição entre as quatro estações traz em si características do período, chamadas de “inverno tardio”, “primavera tardia” e “outono tardio”.
A interestação é regida pelo elemento Terra e os órgãos Baço/Pâncreas e Estômago estão em seu ápice. O elemento Terra está associado à transformação – o Estômago, por exemplo, recebe o alimento que consumimos para começar sua digestão e proporcionar energia para nossas necessidades vitais. Tonificar o Estômago e Baço/Pâncreas ao final de cada estação contribui com a regeneração da nossa energia, proporciona ao nosso corpo mais saúde e colabora com uma preparação para as possíveis adversidades que o período do ano possa trazer.
Segundo a Medicina Tradicional Chinesa, a emoção regida pelo elemento Terra é o Pensamento e a manifestação de desequilíbrio mais marcante deste elemento é a preocupação excessiva e o apego. Transformar nossos padrões de desequilíbrio mental e emocional gera saúde e bem estar. Quando estamos em equilíbrio, nossas emoções manifestam-se com fluidez e alinhadas com nossos pensamentos.
A Interestação deste momento, o “verão tardio”, iniciou no dia 27 de janeiro e encerra no dia 13 de fevereiro. A interestação “outono tardio” de 2020 inicia no dia 25 de abril e acaba no dia 12 de maio. O “inverno tardio” inicia no dia 26 de julho e vai até 12 de agosto. A “primavera tardia” vai de 28 de outubro até 14 de novembro. O Verão, Primavera, Outono e Inverno duram 72 dias e cada uma das 4 interestações dura 18 dias.
A Interestação é uma excelente oportunidade para reequilíbrio energético, e a Medicina Tradicional Chinesa dispõe de técnicas terapêuticas específicas, como a Acupuntura, para ajudar o corpo a encontrar seu equilíbrio neste período de transição. Técnicas terapêuticas podem traduzir para nosso corpo e mente os aprendizados adquiridos no ciclo em declínio e facilitar a abertura para as informações que estão para nascer.
Viver com consciência um processo de transformação gera saúde, que se manifesta tanto no corpo físico como nas emoções e pensamentos.
Referências:
COUTINHO, Bernardo Diniz; DULCETTI, Pérola Goretti Sichero. O movimento Y?n e Yáng na cosmologia da medicina chinesa. Hist. cienc. saude-Manguinhos, Rio de Janeiro , v. 22, n. 3, p. 797-811, Sept. 2015. HUIHE Y., BAINE Z., Teoria Básica da Medicina Tradicional Chinesa, São Paulo: Editora Atheneu, 2012. MACIOCA, G., Os fundamentos da Medicina Chinesa, Roca, 2007.
Médica, formada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)
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