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Introdução Alimentar: um relato de experiência

Este texto nasceu da minha vontade de compartilhar os desafios que vivi quando me vi obrigada a rever hábitos alimentares. Essa história começou há 14 anos quando, após os seis meses de aleitamento materno exclusivo, me deparei com a introdução alimentar da minha filha. Por incrível que pareça, em nenhum momento durante a gestação isso parecia uma questão, aliás, nem após o nascimento esse assunto me passava pela cabeça, já que estava amamentando exclusivamente ao peito e isso me parecia incrível. 


Mas quando o momento de introduzir novos alimentos chegou eu percebi que não tinha ideia por onde começar! Qual orientação seguir para garantir um bom desenvolvimento daquele pequeno ser? Orientações de parentes? Amigos? Profissionais especialistas? Livros? Internet? Como se não bastassem todos os desafios que a maternidade me oferecia, agora estava diante de um que transformei num grande problema: alimentação. 


Quanto mais pesquisava, mais me sentia confusa  e, como não era possível pular aquela etapa, me vi então “obrigada” a fazer uma escolha. Decidi que não ofereceria alimentos industrializados e tampouco derivados de animais. Embora sem muita convicção, assim segui.


Essa escolha despertou olhares curiosos e críticos que, além de mais insegurança, despertaram também em mim um comportamento defensivo que me fez estudar mais e mais. Entretanto, quanto mais informação eu buscava, mais angústia sentia, pois fui percebendo que as possibilidades eram inúmeras e não seria possível avaliar todas para depois escolher a melhor. A vida continuou, eu me exigindo ainda mais após a maternidade  e agora com pressa para encontrar a melhor alimentação. Esse meu modo de operar alimentou ainda mais a sensação de sobrecarga, culpa e incompetência.


Segui pesquisando e fazendo o que estava ao meu alcance, ajustando a alimentação conforme novas informações chegavam e brigando com as anteriores.Três anos se passaram quando, finalmente, conheci uma possibilidade que me pareceu a melhor! Fiquei muito empolgada, mas se aquela primeira escolha de não ofertar industrializados e derivados animais era incomum, essa era ainda menos conhecida. 


Sustentei a decisão assim mesmo, não isenta de dúvida, mas agora tinha muitos argumentos para “segurar essa bandeira da melhor alimentação”. Comprei muita briga, por vezes silenciosa fora e barulhenta dentro e a vida, que já não parecia simples, ficou ainda mais difícil. A empolgação inicial foi desaparecendo dando lugar a um esgotamento físico e emocional resultante do grande esforço que fiz para sustentar “a bandeira”. 


Com o tempo fui percebendo que cuidar apenas da alimentação e não cuidar de outros aspectos da vida gera muito transtorno. Não fazia sentido alimentar bem o corpo, oferecendo alimentos que pareciam os mais nutritivos e saudáveis, e não conseguir alimentar/nutrir outras esferas da vida. Nesse processo, entendi que alimentação não pode ser algo isolado, porque a vida é uma só, embora muitas vezes tentamos dividi-la em departamentos. Compreendi que ser responsável por um ser em desenvolvimento já traz inúmeros desafios, e a alimentação é só mais um. 


Partindo da minha vivência, depois de ter conhecido diversas linhas de alimentação, sempre que alguém me questiona sobre alimentação para crianças, sugiro ter cuidado para não fazer como eu fiz: focar na alimentação, negligenciando outros aspectos também vitais. 


Podemos partir do pressuposto de que, se a sua alimentação não é a que você gostaria para os seus filhos, então vai precisar revê-la também e caso se decida por mudar sugiro começar (junto com a introdução alimentar) a substituir aos poucos o que você acha que não deveria fazer parte da sua rotina alimentar diária, pois as crianças tendem a reproduzir a alimentação dos adultos de seu convívio. Com firmeza e determinação, mas sem pressa, nem rigidez! 


Hoje, 14 anos depois da introdução alimentar, não me parece sensato ter me desgastado tanto em busca da melhor alimentação e vejo que existem outros aspectos importantes que também têm impacto no desenvolvimento infantil, como por exemplo a saúde emocional dos adultos de referência para a criança. 


Acredito que um bom começo seja responder uma pergunta bem básica para si: o que eu quero em termos de alimentação? 


A resposta a essa pergunta vai te conduzir a um caminho mais suave e claro. Lembrando que nos alimentamos do que ingerimos pela boca, pelos olhos, pelos ouvidos, pela pele e pelas emoções. E que o modo com que nos relacionamos em todos os âmbitos também nos alimenta e alimenta aqueles com quem convivemos diariamente.

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Andrea Rosenbaum
Andrea Rosenbaum

Bióloga, formada pela Universidade de Brasília (UnB) Especialista em Nutrição Personalizada

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