É certo que muitas pessoas se preocupam com a preservação do Meio Ambiente e querem de fato contribuir para que o mundo se torne um lugar melhor. Por vezes as metas são ambiciosas e tornam-se um tormento, nos cobramos algo que é impossível de alcançar. O que fazer, de resolutivo, quando sei que a Floresta Amazônica está sendo devastada?  Isso me incomoda, mas não é algo que me move num sentido de resolução. Posso compartilhar notícias, assinar petições, pressionar políticos ou financiar ações de ativistas, tudo isso sem sair de casa. Mas ser realmente resolutiva em relação a este problema está além das minhas capacidades individuais. O que realmente posso fazer a respeito da poluição das águas, solos e ar, da exploração dos animais, das doenças dos seres humanos? Posso refletir, tomar consciência. Mudar. 

Mudar o foco é um bom começo. 

O próprio corpo é um espaço onde aprendemos o cuidado. É nesse território que exercemos as escolhas que se expressam com mais força em nossa vida. É a partir do Eu, do respeito aos próprios limites, do amor próprio, que se desenvolvem todos os outros cuidados. O cuidado que tenho comigo, o amor que nutro por meu Ser podem então ser estendidos e ampliados para os seres humanos, animais e plantas que estão mais próximos, para minha casa, meu ambiente de trabalho.

Hoje, além de ocupar-se com as águas do planeta, olhe também para as suas águas. Primeiro, no nível da matéria, pergunte-se: estou bebendo água em quantidade adequada? Essa água que bebo é de qualidade? Você não pode convencer o mundo todo a beber 3 litros de água por dia, mas pode decidir aumentar a quantia de água que você bebe. 

Em um nível sutil, a água representa nossas emoções. Pode ser que te cause indignação o  fato das nascentes estarem secando e os rios estarem poluídos. Você lê sobre este assunto, pensa sobre isso e sabe tudo o que poderia ser feito pelos governantes. Esses pensamentos consomem seu tempo, sua energia, sua vitalidade. E acabam te distraindo daquilo que depende apenas de você,  daquilo que somente você pode cuidar: as suas emoções. Você se distrai com a amplidão do mundo externo e acaba não percebendo que a sua água interna não está circulando, está estagnada e poluída.

Por que isso acontece? No dia a dia nos submetemos a todo tipo de violência, desde tolerar piadas agressivas no ambiente de trabalho até fazer concessões à amigos e familiares em questões que são o cerne do nosso ser. Toleramos muita coisa que não nos agrada por medo de ficar sós, medo de não ser amado. Sustentamos relações que nos consomem e trabalhos que não fazem sentido. Seguimos alimentando tradições ultrapassadas e formas de vida insustentáveis, tudo por orgulho, por medo, por falta de amor próprio. E assim represamos nossas águas, poluímos nosso ser. 

De forma alguma deixaremos de nos importar com a destruição que de fato ocorre no planeta, mas com coerência e responsabilidade busquemos em nosso corpo, nosso entorno e em nossas relações o que está em desequilíbrio. Conforme o princípio hermético: “O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora.” O planeta é hoje um reflexo de toda a falta de cuidado que temos com nós mesmos.

O cuidar de si é respeitar a necessidade de sono, a quantidade de água que se bebe, a qualidade do alimento que se consome, as relações que cultivamos. Esse cuidado vai além da vaidade pessoal, do culto à aparência, da imagem que queremos construir e manter para o outro. Estar disposto a escutar o próprio corpo é um maravilhoso exercício de conexão com a Natureza. Ao conhecer e respeitar nosso ritmo interno nos tornamos aptos a reconhecer a existência de ritmo no Todo e a respeitar os ritmos que diferem do nosso. 

As possibilidades são infinitas e cada indivíduo, no seu momento de vida e lugar onde está, pode criar e colocar em prática algo novo.  Se realmente quiser e estiver disposto a sair da zona de conforto. Comece aprendendo a cuidar de si mesmo. 

O planeta agradece!