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Aconselhamento Biográfico – Explorando nossa biografia, desenrolando o fio da vida.

Você já parou para pensar que perguntas norteiam sua história? Que perguntas direcionaram suas escolhas? Como as diferentes fases da sua vida se conectam e formam a pessoa que você é hoje?  Talvez, conhecendo essas perguntas, em algum momento, você se familiarize com as respostas. O Aconselhamento Biográfico é uma abordagem que nos convida a explorar nossa biografia como uma história única e cheia de significado.

 

O interesse pelas biografias nem sempre foi uma constante. Se retrocedermos no tempo e observarmos civilizações como o Antigo Egito ou os povos celtas, perceberemos que o foco residia nas realizações coletivas, nos feitos do grupo. No entanto, com o passar do tempo, a individualidade começou a ganhar destaque. Atualmente, percebemos que para existir um coletivo precisamos da existência dos indivíduos.

 

A metodologia biográfica nos impulsiona a sermos observadores de nós mesmos. Ao fazer isso, podemos trazer à luz aquilo que estava oculto. Uma forma de enxergarmos nossas fases de desenvolvimento é através de uma abordagem que divide a vida em ciclos de sete anos, conhecidos como setênios. Cada setênio é marcado por mudanças físicas, emocionais e espirituais significativas.

 

No campo da saúde, a teoria dos setênios pode oferecer reflexões valiosas. Ao analisar a vida através desses ciclos, podemos identificar padrões, compreender melhor as fases de desenvolvimento e como elas impactam nossa saúde física e mental.

 

A Antroposofia, uma filosofia espiritual desenvolvida por Rudolf Steiner, é a raiz do Aconselhamento Biográfico. No Brasil, essa abordagem ganhou força graças à Gudrun Burkhard e Daniel Burkhard, que fundaram a Artemísia em São Paulo, um centro dedicado ao trabalho biográfico. O psiquiatra holandês Bernard Lievegoed sistematizou essa prática em seu livro “Fases da Vida – Crises e Desenvolvimento da Individualidade”, publicado em 1976.

 

Dra. Gudrun, em seu livro “Tomar a vida nas próprias mãos”, nos convida a olhar para as plantas. Assim como precisamos ter paciência para colher frutos maduros e saborosos, que só amadurecem na estação certa, também precisamos saber esperar o amadurecimento de nossas habilidades. Se tentarmos acelerar ou retardar esse processo, podemos nos deparar com resultados indigestos.

Segue, brevemente alguns marcos dos setênios:

 

  • Primeiro setênio (0-7 anos): Fase de rápido crescimento e desenvolvimento, onde a criança aprende a se mover, falar e explorar o mundo ao seu redor.
  • Segundo setênio (7-14 anos): Período de aprendizado social e acadêmico. Conceitos e normas são condicionados.
  • Terceiro setênio (14-21 anos): Fase marcada pela puberdade e ocorre uma grande tensão entre o ideal a ser alcançado e os instintos, cobiças e desejos.
  • Quarto setênio (21-28 anos): Este é um período de autoafirmação e independência. Quando muitos jovens começam a trabalhar, estabelecem relacionamentos significativos e começam a construir suas próprias vidas. Estamos buscando um lugar. Fase de experimentação.
  • Quinto setênio (28-35 anos): Este ciclo é frequentemente marcado por uma maior estabilidade e consolidação. Nesta fase, o senso de conquista está muito presente.
  • Sexto setênio (35-42 anos): Este é um período de reflexão e reavaliação. É comum começar a questionar suas escolhas de vida e pode ocorrer o que é comumente chamado de “crise existencial”. É quando consolidamos um lugar.
  • Sétimo setênio (42-49 anos): Este é um período de introspecção e busca por um propósito maior na vida. Ocorre o questionamento do significado de suas vidas e buscas de novas formas de realização pessoal.
  • Oitavo setênio (49-56 anos): Este é um período de aceitação e entendimento. Muitas pessoas começam a aceitar suas vidas como são e a encontrar paz com suas escolhas passadas.
  • Nono setênio (56-63 anos): Fase de maior introspecção. Este ciclo é frequentemente marcado por um senso de realização e gratidão. Muitas pessoas nesta fase começam a desfrutar dos frutos de seu trabalho e a valorizar mais as pequenas alegrias da vida.
 

Aqui estão algumas perguntas que você provavelmente já se fez, mas talvez não tenha tido a oportunidade de considerar com a profundidade que a história da sua vida merece.

 

  •  0-7 anos: Quais foram minhas primeiras memórias? O que você gostava de imitar?
  •  7-14 anos: Qual foi a matéria escolar que mais gostei? O que mais gostava de brincar? Quais as normas, hábitos, costumes que foram aprendidos?
  • 14-21 anos: Como foi o despertar da sexualidade? Quais as doenças, medicamentos, vícios nesse período? Quais eram os ideais, ídolos? Como foi a escolha da faculdade ou trabalho?
  • 21-28 anos: Tinha a sensação de se encontrar no estudo ou na profissão certa? Quando começou a ficar financeiramente independente? Estabeleceu família ou vivia com alguém? Quais os papéis que desenvolvia? 
  • 28-35 anos: Quais as normas, hábitos, costumes do segundo setênio manteve ou não? Onde existiam situações de conflitos?
  • 35-42 anos: Conhece as limitações? Existe algo na minha vida que eu gostaria de mudar? Quem eu sou realmente?
  • 42-49 anos: O que é essencial para mim? Onde quero colocar minha energia?
  • 49-56 anos: O que eu aprendi a aceitar sobre mim mesmo? Encontrou um novo ritmo de vida?
  • 56-63 anos: Tem vontade de aprender coisas novas?Do que eu sou mais grato na minha vida?
 

Ao explorar os setênios da sua vida e levantar que questões permeavam cada período, é possível encontrar padrões e conexões que tornam mais clara sua linha da vida, seu fio vermelho.

 
Viver as fases da vida requer compreensão e paciência. Cada fase é como uma estação, trazendo consigo seus próprios frutos. Alguns desses frutos amadurecem rapidamente, enquanto outros levam anos para atingir a maturidade. O conhecimento dessas fases nos permite apreciar melhor os frutos de cada estação da vida. Assim, a vida, assim como a natureza, tem seu próprio ritmo e tempo para tudo.

 

REFERÊNCIAS:

 

–        BURKHARD, Gudrun. Tomar a vida nas próprias mãos: como trabalhar na própria biografia o conhecimento das leis espirituais. São Paulo: Ed. Antroposófica. 2000.

–        BURKHARD, Gudrun. Bases antroposóficas da metodologia biográfica: a biografia diurna. São Paulo: Ed. Antroposófica.  2002.

–        BURKHARD, Gudrun Kroekel; JUSTO, Angélica. Biografia e Doença. São Paulo: Antroposófica. 2014.

–     LIEVEGOED, Bernard. Fases da Vida: crises e desenvolvimento da individualidade. São Paulo: Antroposófica. 2007

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Priscila Sahate
Priscila Sahate

Formação em Aconselhamento Biográfico pela Escola Livre Antroposofia Formação e Estudos Biográficos, Juiz de Fora, MG.

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