Na vida, invariavelmente nos deparamos com momentos de ruptura, aqueles que nos sacodem de tal maneira que nos sentimos desafiados a buscar respostas e novos caminhos. Chamamos esses momentos de crises. A palavra “crise”, muitas vezes carregada de uma conotação negativa, pode ser entendida como uma ponte, um espaço entre o que somos e o que estamos destinados a ser. É nesse limiar que surge a oportunidade de crescimento, desenvolvimento e transformação.
Na Antroposofia, estudamos o percurso biográfico em setênios, ciclos de sete anos, e aprendemos que a cada etapa enfrentamos desafios específicos. Esses desafios, ou crises biográficas, são oportunidades únicas para nos reconectarmos com nossa essência e propósito. Elas nos oferecem uma escolha: vivê-las de forma construtiva ou nos deixarmos consumir por elas.
O que são as crises biográficas?
As crises biográficas podem ser vistas como marcos naturais no fluxo de nossa existência, quando questões internas pedem por revisão e transformação. São momentos em que nossa alma busca evoluir, superando antigos padrões e abrindo espaço para o novo. Aqui trago brevemente três dentre muitas crises que vivemos em nossa biografia. Nó lunar, que ocorre a cada 18,5 anos, Crise dos talentos, aos 27-28 anos e a Crise da autenticidade, que enfrentamos em torno dos 42 anos.
A coragem e a disciplina como aliadas
Vivenciar essas crises de maneira construtiva exige de nós duas forças primordiais: a coragem e a disciplina. Coragem para olhar para dentro, confrontar nossos medos e enfrentar aquilo que chamamos de nossos “dragões internos”. Disciplina para persistir no caminho do autoconhecimento, mesmo quando ele parecer difícil ou incerto.
Estamos em setembro, mês em que a força de Micael se mostra mais presente, força simbolizada pelo arquétipo da coragem. Esta figura nos convida a pegar nossa espada e enfrentar nossos dragões pessoais – as dúvidas, inseguranças e velhas crenças que, se não desafiadas, podem nos impedir de evoluir. É um período que nos oferece o impulso de força e clareza para seguir em frente, mesmo em tempos difíceis.
Vivendo as crises como pontes para o crescimento
Em vez de nos deixarmos levar pela ansiedade ou pelo medo que muitas vezes acompanham as crises, podemos abordá-las como oportunidades de desenvolvimento. Pergunte a si mesmo: O que posso aprender com este momento? Como esta situação está me convidando a crescer?
A crise, afinal, não precisa ser destrutiva. Ela pode ser um chamado à renovação, uma chance de realinhar nossas vidas com nossa verdade interior. Quanto mais nos aproximamos de nossa autenticidade, mais inteiros nos tornamos, mais capazes de oferecer ao mundo o nosso melhor.
Enfrentar os dragões com Micael
Neste mês, somos convidados a invocar a força de Micael, não apenas para olhar para nossas crises passadas, mas para preparar nosso coração e nossa alma para aquelas que ainda virão. Que dragões estamos prontos para enfrentar? O que dentro de nós pede por transformação?
Desenvolver a coragem de Micael é aprender a não fugir das dificuldades, mas acolhê-las como parte de nossa jornada. Cada crise biográfica que vivemos carrega em si o potencial de nos levar a um novo nível de compreensão e maturidade. Com disciplina e coragem, transformamos as crises em pontes para nosso crescimento espiritual e pessoal.
Então, por que não olhar para as crises com outros olhos? Este é o momento de nos aprofundarmos, convocar nossa força interior e enfrentar nossos desafios com confiança e clareza. Que possamos, com este impulso de Micael, nos fortalecer para os desafios futuros e aprender a caminhar com mais leveza e autenticidade, superando cada obstáculo com sabedoria.
Formação em Aconselhamento Biográfico pela Escola Livre Antroposofia Formação e Estudos Biográficos, Juiz de Fora, MG.
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