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Páscoa: realizar o que nascemos para ser

A Páscoa é celebrada no Domingo após a primeira lua cheia do equinócio da primavera no Hemisfério Norte, e de outono no Hemisfério Sul.  As origens da celebração estão relacionadas com festividades de antigos povos do Hemisfério Norte, que marcavam a renovação e a luz crescente trazida pela primavera. Celebrava-se então o renascimento das forças criativas da Natureza, a fertilidade e o amor.


As datas comemorativas atualmente nos remetem à feriados prolongados, viagens e presentes, mas são épocas marcadas por símbolos e significados que fundamentam tradições e inspiram movimentos coletivos, cooperação, afetividade, solidariedade e reflexões a respeito da vida. Se repetem em ciclos anuais que, a cada espaço de tempo, trazem sentido para a vida e uma atmosfera propícia para renovar nossos princípios, atitudes, pensamentos, palavras e ações.


O tempo da Páscoa é a época do ano que sugere a renovação. Renovar = tornar novo. 

A cada tempo de Páscoa somos convidados a deixar morrer aquilo não tem mais valia e viver o novo que existe em nós.  De um ciclo ao outro vamos percorrendo este tempo, abrindo espaço para a renovação. Ciclos de crescimento interno, amadurecimento, tempo propício para tornar conscientes atos diários e modificar nossas percepções e atitudes. 


A celebração judaica de Pessach marca a saída do povo hebreu do Egito, onde foram escravizados por centenas de anos. É a “passagem” de um povo escravizado para sua liberdade, o momento que aquele povo escolhe assumir a responsabilidade por sua vida e morte. Esta passagem é árdua, nela é preciso encontrar-se com as sombras e definir individualmente ou no coletivo qual será a nova forma de estar no mundo, para então alcançar maior segurança e bem estar. Deixar para trás o que nos torna escravos e abrir a possibilidade de torna-se livre.


Na Páscoa cristã é celebrada a ressureição de Jesus Cristo, que após viver um período no deserto vive uma semana marcada por momentos e atitudes decisivas que culminam com sua morte e ressurgimento.

O que morre? O que ressurge? O que acontece conosco entre uma época e outra?  

Seguindo a celebração da páscoa atravessamos a Quaresma, que traz momentos de reflexão, o silêncio interior para a escuta do “eu”.

Na Semana Santa nos chegam ensinamentos de fé, amor, lealdade, irmandade. Reflexões sobre as razões que nos fazem agir, nossas forças, autenticidade e coragem. Um tempo para diálogos internos, chamada de consciência, tempo, profundidade, confiança criadora. 

A Sexta-feira Santa traz a conexão com o sentimento profundo de humildade e aceitação. O que morre em nós?

O Domingo de Páscoa. A ressurreição, abertura à vida, o novo nascendo dentro de cada um. Início de um novo ciclo.


O caminhar da escuridão para a luz traz desafios, e C.J. Jung nos lembra que “não se torna iluminado imaginando figuras de luz, mas sim ao tornar a escuridão consciente. Porém, esse procedimento é desagradável, portando, não popular”. 


A escuridão consciente é a necessidade da alma de descartar o que não nos pertence mais e acordar para o que tem sentido em nosso dia a dia. Nas relações profissionais, pessoais, familiares: o que não nos pertence mais? O que precisamos deixar ir embora, o que queremos que morra? Em nossos hábitos, como na nutrição, nas atividades diárias, nos comportamentos com nós mesmos: o que deixaremos ir embora? O que posso soltar? Entregar?


Deixar espaço livre, nos libertar, é internalizar a abertura da vida em nós. Permitir que exista espaço para a criação, para que o coração se expresse e os sentimentos se façam ouvir. A força que fazemos para segurar velhos padrões e ideias impede que se manifeste o ritmo interno do nosso corpo, a dança da vida que nos permeia. Impede que aconteçam questionamentos, dúvidas, inseguranças e medos necessários.


A morte pode ser a cura. Morte de sentimentos de mágoa, do rancor, de desalentos, de relações mal resolvidas e inacabadas. Morte do que não nos pertence e carregamos sem motivo. A escuridão consciente pode ser a atitude de deixar morrer aquilo que carregamos sem motivo, sem intenção. Nada mais que o velho em nós, aquilo que não tem mais serventia, só ocupa espaço em nossos corações e danifica nossos corpos. Vamos nos despedir, deixar morrer! 


E então, assim, após deixar morrer, surge a cura, o nascimento, a abertura para a vida, um novo ciclo. 


Tempo de buscar maior consciência, vontade de despertar e se observar, mais sensíveis e compassivos com nós mesmos. Abrir espaço para renovar, para mudanças que nos tornem verdadeiros. E realizar o que nascemos para ser.  

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Fabiana Gelain
Fabiana Gelain

Formação em Educação Artística pela Universidade de Caxias do Sul/RS

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